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quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Há mais pessimismo que fatos na crise brasileira, diz presidente da Deloitte


Há mais pessimismo que fatos na crise brasileira, diz presidente da Deloitte

Juarez Lopes de Araújo: previsão de crescimento mantida, por enquanto
A versão brasileira da crise financeira mundial consiste de "mais pessimismo que fatos", na opinião de Juarez Lopes de Araújo, presidente da firma de auditoria e consultoria Deloitte, uma das chamadas quatro grandes do setor no mundo.
Valor Econômico - Para o executivo, o Brasil vai sair da crise comparativamente melhor do que entrou e deve se tornar pela primeira vez um ator de peso no cenário mundial. "O interesse pelo país nunca foi tão grande", disse ontem em um encontro com jornalistas. Em agosto, quando assumiu o comando da Deloitte no país, Araújo tinha um "discurso de posse" bastante otimista, que poderia ser interpretado como o habitual para a ocasião. Desde então, a situação mundial só fez deteriorar, mas Araújo continua animado com as perspectivas de crescimento do país. "É a pior crise já vista, não há dúvida, mas no Brasil ela será mais branda do que em outros países."

No entanto, o executivo admite que, em meio as manchetes dos últimos meses, o ambiente não está muito propício para sua pregação. Em toda conversa com clientes, o primeiro assunto é sempre a crise. "Até minha filha de 12 anos já disse que não agüenta mais esse assunto."

No contato freqüente com executivos de companhias de diversos setores, Araújo percebe muita incerteza sobre os efeitos da crise no Brasil, qual o grau de contaminação. Isso acaba, obviamente, levando a uma relutância na tomada de decisões, mesmo em empresas que não tiveram quaisquer problemas na vida real.

"Os executivos estão sob pressão", afirma. "É difícil justificar um investimento num momento como este, principalmente se for uma multinacional." Ainda assim, Araújo diz que a Deloitte não teve nenhum de seus projetos cancelado, apenas dois que foram adiados. Segundo ele, as decisões, de forma geral, estão sendo jogadas para março, quando as empresas esperam ter uma visão mais clara da situação.
É preciso um pouco maios do que admitir que "há mais pessimismo que fatos na crise brasileira". Na verdade não há uma crise brasileira, além dos inevitáveis reflexos da crise financeira internacional no país. Como um país integrado no mercado global, sente a falta de crédito externo e o desarranjo cambial. Mas nada disso é tão perigoso quanto o pânico.

A falta de crédito externo é grave, mas o Brasil tem instrumentos, para, no curto e médio prazo, irrigar o sistema. Nossos bancos privados não estão quebrando, temos bancos estatais fortalecidos, uma penca de Reais acumulados em compulsórios e reservas bastante confortáveis. Reparem que mesmo depois de 3 meses do agravamento da crise financeira internacional nossos reservas estão praticamente no mesmo nível, em torno de US$ 207 bilhões. E o governo tem agido de forma correta.

No lado cambial, sofremos mais pelo movimento brusco, a desvalorização abrupta do Real, do que com os níveis atuais. Os atores econômicos, mesmo reclamando do Real sobrevalorizado, se adaptaram a ele. Importadores e exportadores montaram seus negócios, formaram seus contratos num ambiente que foi radicalmente transformado. Esse novo ambiente é pior do que o anterior? Acho que não, mas não há como evitar os efeitos dessa volatilidade. A gente não sabe exatamente onde o dólar vai parar no rescaldo dessa crise, mas certamente irá ao encontro da reivindicação do setor produtivo, que enfrentava sérias dificuldades para concorrer com os produtos importados.

Pior do que o dólar a R$ 1,56 ou R$ 2,50 é a volatilidade. E é sobre ela que tenta agir o Banco Central. Boa parte dos efeitos negativos do novo câmbio tende a ser passageiro.

No seu artigo "Vícios e virtudes da política cambial", Antonio Corrêa de Lacerda comenta:
[...] Assim, considerando-se custos e benefícios a questão mais determinante foi mesmo a excessiva valorização do real ocorrida nos três anos anteriores. O que está havendo agora é uma correção. Não valeria então a pena tentar reverter a desvalorização atual cometendo um outro erro de queimar desnecessariamente as reservas.

Isso, no entanto, não quer dizer que não há o que fazer, não apenas no aperfeiçoamento da política cambial, mas também no âmbito da política monetária, que tem grande influência no mercado, em uma acepção mais ampla. Nesse sentido, reduzir as taxas básicas de juros (Selic), estimular a diminuição dos spreads dos bancos comerciais, fomentar a liquidez e induzir a fluidez do crédito e financiamento seriam fatores muito importantes diante do quadro atual.
O Brasil foi o único dos Brics cujo PIB acelerou do segundo para o terceiro trimestre de 2008, comparando com o mesmo período do ano anterior. A taxa de crescimento da economia brasileira, em 12 meses, saltou de 6,2% entre abril e junho para 6,8% de julho a setembro. A China viu seu PIB recuar de 10,1% para 9%, no primeiro resultado abaixo de dois dígitos em cinco anos. A Índia desacelerou de 7,9% para 7,6%, e a Rússia saiu de 7,5% para 6,2%.

Para o professor de economia internacional da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Evaldo Alves, isto se deve a dois fatores. Um deles é diversificação dos parceiros comerciais brasileiros. "Pusemos os ovos em diversas cestas. Aumentamos o comércio com a China, o Oriente Médio e a América Latina".

Isso não quer dizer que está tudo lindo e maravilhoso, mas de fato nossas vantagens comparativas não deveriam alimentar o pessimismo, diminuindo a confiança dos consumidores e investidores. Nossos fundamentos são sólidos e mais do que nunca o mundo vai precisa de nossa capacidade produtiva. O Brasil será cada vez mais a bola da vez.

Para o presidente Lula, "a mídia realiza propaganda sistematizada em favor da crise". Será que estamos preparados para questionar o papel desempenhado pelos formadores de opinião nesses momentos?

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