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domingo, 21 de dezembro de 2008

"Veja" pode ter cometido crime contra o Estado

"Veja" pode ter cometido crime contra o Estado
O guardião de Dantas
Os trechos de grampos até agora divulgados pela Satiagraha mostram jornalistas conversando com Dantas. Como o caso da Janaína Leite, dizendo a Dantas que "acabei com Nassif". E Dantas mostrando preocupação pelo fato de Diogo Mainardi ter desembestado e aberto a guarda.

- por Luis Nassif (http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/)

A revista [Veja] abriga uma falsificação - o grampo por escrito. Não dá uma linha sobre o fim do inquérito da Polícia Federal, que reforçou as suspeitas de que o grampo foi inventado.

Com isso, torna-se suspeita de crime contra o Estado. Na hipótese benigna, por ter acreditado em uma armação. Na hipótese robusta, por ter montado a armação.

O mesmo se aplica ao presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes que, no mínimo, pode ser acusado de ter incorrido em pré-julgamento para gerar uma crise institucional. Em país sério, seria afastado do cargo por seus pares.

Os trechos de grampos até agora divulgados pela Satiagraha mostram jornalistas conversando com Dantas. Como o caso da Janaína Leite, dizendo a Dantas que "acabei com Nassif".

E Dantas mostrando preocupação pelo fato de Diogo Mainardi ter desembestado e aberto a guarda - provavelmente quando perdeu o rumo no episódio do Relatório Italiano e acabou divulgando o PDF e se desmacarando.

A revista não esclarece se os jornalistas gravados foram flagrados em atividade legal. Suspeita-se que não.

Enviado por: luisnassif - Categoria(s): Mídia Tags relacionadas: , , ,

EDUARDO GUIMARÃES: TESTEMUNHA DE UM CRIME

EDUARDO GUIMARÃES: TESTEMUNHA DE UM CRIME

Atualizado em 17 de dezembro de 2008 às 16:14 | Publicado em 17 de dezembro de 2008 às 14:33

por Eduardo Guimarães

Vocês viram, não é? Mesmo depois de as pesquisas Datafolha, Sensus e Ibope mostrarem insucesso da mídia em convencer a população de que sua vida irá piorar dramaticamente por conta da crise internacional, a campanha de tevês, rádios, jornais e grandes portais de internet de venda da chegada da ruína econômica do país continua na mesma toada ou até mais intensa.

A cada indicador que mostra alguma mera desaceleração do ritmo de atividade de nossa economia, ritmo que já era considerado insustentável por economistas de todas as tendências, a mídia trata essas reduções de indicadores como "prova" cabal de que ela está certa ao pregar a chegada do desastre e de que o governo Lula está errado ao pregar o contrário.

Nas ruas de comércio e nos shoppings, porém, falar de crise não é apenas proibido, é ridículo. Ontem, minha mulher foi pagar uma conta perto de uma das ruas de comércio mais significativas do país, a rua 25 de março, em São Paulo, e se espantou não apenas com a massa humana que se espremia nas lojas para comprar e pagar, mas com a própria dificuldade que encontrou na rua para se locomover devido às centenas de milhares que ali se espremiam para consumir de tudo e mais um pouco.

Segundo a mídia, a opinião majoritária em todas as classes sociais, em todas as faixas etárias, em todos os níveis de escolaridade e em todas as regiões do país de que estamos resistindo muito bem à crise, melhor do que qualquer outro país, conforme diz Lula, é produto de auto-engano da população, que, sempre segundo a mídia, não quer enxergar o desastre iminente, e produto, também, de mentiras do governo, que estaria induzindo as pessoas a manterem essa "ilusão".

Claro está que há uma fé meio cega da mídia no desastre. Essa fé deriva de economistas ligados ao PSDB e ao PFL e que têm grande trânsito junto aos meios de comunicação. Eles se acham mais bem informados do que os técnicos do governo que fundamentam o discurso de Lula, ainda que alguns tarados acreditem que ele diz o que diz sobre a crise sem ter base em nada, apenas calcado nos próprios desejos e na ignorância da qual a elite acredita que o presidente sofre.

A sucessão de números da economia que desautorizam a afirmação de que a crise terá efeitos maiores no Brasil, segundo a mídia, não significaria nada, pois a crise teria chegado "agora" e, portanto, os números que têm sido divulgados seriam produto do momento pré-crise, há dois meses e pouco. Esse discurso ignora, no entanto, que, mantido esse discurso, o único país do mundo em que a crise chegou tão atrasada teria sido o Brasil, porque em todos os outros países de porte igual ou parecido a crise já chegou faz tempo.

É possível perceber a teoria que a mídia vendeu a uma pequena parcela dos brasileiros que, a despeito dos fatos do mundo ao seu redor, continua pregando a chegada do apocalipse econômico. No último domingo, participei da festa de despedida de minha filha que irá estudar na Austrália. Ali, comecei a conversar sobre a crise e sobre o governo Lula com pessoas da classe média paulistana, talvez a classe social mais refratária ao governo.

O discurso dessas pessoas diante da questão da crise envergonharia a mídia. O discurso do conservador paulistano de classe média é de desqualificar estatísticas de todo tipo, desde a popularidade de Lula até a medição do PIB. Todas as estatísticas seriam forjadas em prol do governo "comunista" que teria o país. Essas pessoas acreditam nos boatos que recitam entre elas como se fossem fatos amplamente conhecidos e inegáveis. Lula é popular em 70%? Ah, eles nunca foram pesquisados por nenhum instituto e, portanto, dizem que a pesquisa é falsa e pronto. Assim não têm que refletir por que a popularidade do presidente é tão alta.

O racismo também está em alta entre a classe média paulistana, a exemplo do que acontece na classe alta. Cheguei a ouvir de duas pessoas da minha idade e do meu bairro que elas se consideram racistas, sim. E "com orgulho".

Foi-me doloroso ouvir o que ouvi. Confrontadas com a afirmação que lhes fiz no âmbito de uma discussão da política de cotas para negros nas universidades, com a afirmação de que, num futuro próximo, veremos médicos e dentistas negros também em São Paulo, onde não existem esses tipos de profissionais com pele escura, aquelas pessoas afirmaram, sem hesitação ou vergonha, que jamais se submeteriam a um médico ou a um dentista negros.

É chocante o nível de reacionarismo que persiste nas camadas mais altas da sociedade. Preconceitos que eu pensava enterrados afloraram com toda força a partir do governo Lula. A impressão que tenho é a de que tanto preconceito sempre ficou submerso por não haver "necessidade" de externá-lo, já que, neste país, estava tudo dominado. Mas a partir da reviravolta social promovida por este governo, a elite branca voltou a mostrar suas garras.

A aposta da direita brasileira no potencial da crise para lhe conceder um passaporte de volta ao poder continua forte e, até certo ponto, parece justificada, pois o mundo piora a cada dia. Apesar de, aqui no Brasil, os indicadores mostrarem uma marolinha, com poucas dispensas de trabalhadores - e absolutamente localizadas - e dados sobre atividade econômica que não revelam nenhuma queda considerável, o mundo, por sua vez, mergulha em um abismo do qual ainda não se vê o fundo.

Essa hipótese de o Brasil, sendo governado por alguém como Lula - um ex-operário e retirante nordestino -, ficar imune a uma crise que pegou o mundo inteiro de jeito é inaceitável para a elite branca paulista-paulistana, para os conservadores de direita do quartel-general do atraso social no país (São Paulo), para aqueles que pregam o racismo em pleno século XXI, para essas pessoas que qualquer um que reside num bairro "nobre" da capital paulista conhece às pencas.

Os conservadores paulistas são piores do que os gaúchos, do que os catarinenses ou do que os cariocas. Na verdade, o dinheiro da nação está aqui em São Paulo. É aqui que se encastela a quase totalidade dos bilionários brasileiros, que são os que mandam - ou que pensam que ainda mandam - no país, aqueles que estão - ou que estavam? - acima das leis e das convenções todas da sociedade, sendo-lhes permitido até delinqüir, matar, roubar, estuprar, enfim, fazer qualquer coisa sem medo de responder por tais crimes.

Sinceramente, dá medo. Eu até estava meio inseguro quanto à possibilidade de a mídia e a oposição quererem que o país afunde na crise para terem mais chance de eleger José Serra presidente em 2010, mas depois que, numa conversa com o jornalista Luiz Carlos Azenha, ele me revelou que, tanto quanto eu, não tem dúvida nenhuma de que essa gente afundaria o país para retomar o Estado, tive que me conformar com essa desgraça.

Vocês conseguem mensurar a quantidade de desgraças que se abateria sobre o país se a crise se tornasse o que o PSDB, o PFL, a família Marinho, a família Frias ou a família Civita, entre outros, querem que se torne por aqui? Quantos dramas? Quanto sofrimento haveria? Para essa gente, quanto mais sofrimento houver melhores serão suas chances de voltar ao poder. Vejam só!

Agora, eu lhes pergunto: para alguém que despreza outro ser humano apenas porque sua pele tem mais pigmentação, dessa pessoa pode-se esperar o que? E não duvidem, meus amigos, de que é o racismo, nu e cru, o que está na essência da mentalidade dessa elite doente, dessas pobres pessoas degeneradas pela mentalidade vigente numa classe social que inclusive integro.

A venda da crise econômica pela mídia é hoje a maior ameaça que o Brasil enfrenta. José Serra, os Marinho, os Frias, os Mesquita, os Civita e tantos outros integrantes desse grupo político que ameaça o país com sabotagem de sua economia, visando dividendos políticos, são hoje os grandes inimigos da nação, aqueles que tentam incessantemente induzir as pessoas a pararem de consumir na esperança de que a indústria e o comércio parem e o desemprego aumente, o que provocaria quebras de empresas e mais demissões.

O que José Serra e seu grupo político-midiático (supra mencionado) estão fazendo tem até nome: crime de lesa-pátria. E o pior é que a única punição que se pode imaginar viável para essa gente é a derrota nas urnas, quando, na verdade, a punição mais justa para crime dessa magnitude seria nada mais, na menos do que esses criminosos passarem uma bela temporada na cadeia.

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Retrato do Brasil apura Satiagraha e descobre furos de Protógenes e Trallicomédia de erros no Jornal Nacional

Quinta-feira, 18 de Dezembro de 2008

Retrato do Brasil apura Satiagraha e descobre furos de Protógenes e Trallicomédia de erros no Jornal Nacional

A Revista Retrato do Brasil mostra reportagem de Raimundo Pereira, um dos jornalistas mais respeitados do país, editor dos históricos Opinião e Movimento.

Pereira se debruçou sobre milhares de páginas dos autos da Satiagraha e descobriu inconsistências e erros grosseiros do delegado Protógenes e sua equipe. De outro lado, mostra inconsistências e erros também grosseiros em matéria de César Tralli exibida no Jornal Nacional. Confira!

Erros de Protógenes

Um erro de Protógenes e equipe está na interpretação de um dos trechos de transcrições de áudios gravados pela PF e que constam dos autos: Nela está registrado um diálogo entre Humberto José da Rocha Braz e um tal de “Giba”, no qual se fala sobre certa Andréa, um “ele” não identificado e uma misteriosa “Conta do Curral”.

Nos autos do processo, os investigadores sugerem que Giba é Gilberto Carvalho, o chefe do gabinete do presidente Lula. Andréa seria Andréa Michael, da Folha. O “ele” poderia ser José Dirceu, o ex-chefe da Casa Civil de Lula. E “Conta Curral” seria um pagamento ilícito no exterior.

Raimundo Pereira pesquisou e conta o que descobriu:

1 - Conheceu “Andréa”, que não é a repórter da Folha, mas Andréa de Oliveira e Souza, secretária de Braz há sete anos. “Giba” é Gilberto Massarente, que trabalha com Braz desde 1990, quando ele era executivo da Andrade Gutierrez.
2 - “Conta do Curral” é, de fato, uma má transcrição e um delírio de teoria conspiratória: na gravação ouve-se Ponta do Curral, um empreendimento imobiliário na Bahia, entre Valença e Guaibim, que está sendo tocado por Dantas, Braz e Massarente com a ajuda do “ele”, um agrônomo que cuida da aprovação dos planos de manejo do terreno pelos órgãos ambientais.

Erros da reportagem sobre a Satiagraha no Jornal Nacional

Esse desprezo por fatos claramente relevantes tem um exemplo especial no Jornal Nacional que foi ao ar no dia 14, um dia depois que Braz se entregou à PF. O jornal é apresentado por Renato Machado, que anuncia a reportagem de César Tralli. Machado diz, na abertura: “Exclusivo: gravações de conversas telefônicas feitas Polícia Federal revelam como dois investigados na Operação Satiagraha tentaram corromper um delegado para livrar o banqueiro Daniel Dantas das acusações de crime financeiro e de lavagem de dinheiro”.
Ele se refere à novidade – a prisão de Braz – e passa o comando da matéria para César Tralli, o mesmo repórter de tantos outros furos da Globo a partir de ações da PF. Tralli recebeu, de modo privilegiado, por exemplo, as imagens do dinheiro apreendido no caso dos chamados “aloprados” do Partido dos Trabalhadores, feitas irregularmente por um delegado da PF e exibidas pela Globo na véspera do primeiro turno da eleição presidencial de 2006.
Tralli, que foi o apresentador das imagens também exclusivas da prisão de Dantas e seus executivos, no dia 8 de julho, fala em off, e as imagens se sucedem. Mostram, aparentemente, um presídio à frente de outro, no meio uma avenida movimentada. “É nesta cadeia, em Guarulhos, na Grande São Paulo, que está preso Humberto José da Rocha Braz”, diz o repórter. Na tela aparece foto 3x4 de Braz, depois, um prédio, à noite, com o nome Polícia Federal. E Tralli diz, em off, que Humberto “se entregou ontem à noite na sede da Polícia Federal”.
A seguir, surge a imagem já citada, do jantar de Braz, Chicaroni e Ferreira no El Tranvia. Braz, de costas para a câmera; Ferreira, meio encoberto, sentado à frente de Braz. E Chicaroni, também de frente para a câmera, à direita. Tralli narra, em off: “Humberto e o amigo Hugo Chicaroni, professor universitário, foram flagrados em encontros e telefonemas oferecendo propina para um delegado federal. Toda a negociação foi monitorada com autorização da Justiça”.
Começam a aparecer painéis na tela, um em cima, outro embaixo, com duas fotos, escuras, irreconhecíveis, com as legendas “delegado” e “Hugo Chicaroni”. Nos painéis, aparecem textos que reproduzem o que dizem as vozes associadas a cada figura.
Tralli continua, em off. Diz que a gravação é exclusiva e que “Hugo Chicaroni e Humberto Braz tentam manipular a investigação, segundo a polícia”. O repórter da Globo diz que o objetivo dos dois é “deixar de fora o banqueiro Daniel Dantas e parentes dele. É o que indicam as gravações”.
No letreiro correspondente a Chicaroni, surge a frase “A história de só livrar três tá bom”. A seguir, outra: “Tá ótimo”. As frases parecem pronunciadas por vozes diferentes, mas a edição da matéria não parece se preocupar com esses detalhes.
A seguir, mais imagens gravadas no El Tranvia. Depois, por 32 segundos, são exibidas imagens de fachadas e vistas do prédio da Justiça Federal e do Fórum, de São Paulo, e do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça, de Brasília. Tralli, em off, começa dizendo: “As interceptações mostram que, segundo Chicaroni, o banqueiro estava preocupado com a Justiça Federal em São Paulo”. Nos painéis e no áudio, Chicaroni diz: “Ele resolve. STJ, STF... ele resolve. O cara tem trânsito político ferrado”. E Tralli conclui: “Hugo Chicaroni se refere ao STJ, Superior Tribunal de Justiça, e ao STF, Supremo Tribunal Federal, as mais altas cortes do judiciário brasileiro”.
Novamente, a cena do El Tranvia. Voz de Tralli, em off: “As conversas também falam em propina. Hugo transmite ao delegado a oferta de suborno, proposta, segundo ele, por Daniel Dantas e oferecida por Humberto Braz, o assessor do banqueiro”. A seguir, voltam os painéis, com a transcrição da fala de Chicaroni, ao fundo: “Ele falou: Eu tenho 500 mil dólares para tratar desse assunto”. Depois, fala o delegado: “500 mil?” E, de novo, Chicaroni: “É. 500 mil dólares”. E, em seguida, imagens de maços de notas de 50 reais.
Tralli aparece ao vivo, pela primeira vez, após 3 minutos e 15 segundos de reportagem. Diz: “Além do pagamento em parcelas, o valor do suborno dobrou de 500 para 1 milhão de dólares. É o que apontam as gravações de um segundo encontro aqui, em São Paulo, entre os dois homens que diziam representar Daniel Dantas e o delegado federal. Foi nessa mesma segunda conversa que o delegado Vitor Hugo Rodrigues Alves [Ferreira] apresentou documentos sobre o banqueiro. Fichas cadastrais e fotos de Dantas foram exibidas durante um almoço em que o assunto era a propina”.
Retornam as imagens dos três homens no restaurante. Braz, que estava ao lado de Ferreira, levanta-se e troca de lugar com Chicaroni. Tralli diz, em off: “As imagens mostram o exato momento em que Humberto Braz, de frente para a câmera, troca de lugar com Hugo Chicaroni, para analisar melhor os documentos. O delegado não tem pressa”.
Ouve-se a voz que seria do delegado. No painel, a transcrição: “Pode ver com calma, que eu não vou deixar esses documentos. Tem sonegação, tem lavagem, tem evasão de divisa, tem outros crimes [...]”.
A seqüência se completa com novas imagens dos três homens no El Tranvia e a voz de Tralli, ainda em off: “Logo em seguida, o assunto passa a ser propina. Hugo Chicaroni fala em 1 milhão de dólares”. E retornam os painéis. No de Chicaroni, lê-se: “Já que ele ofereceu 500 mil, pede 1 milhão de dólares, para ele chegar em 700, 800”.

A Trallicomédia de erros

A quantidade de erros factuais cometidos por Tralli é enorme. A hipótese deste repórter é a de que o colega da Globo recebeu as imagens e os áudios da PF sem muito tempo para fazer uma pesquisa maior.

Braz não se entregou à PF à noite, mas de manhã. O CDP II de Guarulhos não é a “cadeia” que ele apresentou. O que Tralli mostrou foi uma das duas penitenciárias que ficam próximas à rodovia Presidente Dutra, às margens da avenida que sai da rodovia Ayrton Senna e segue para o aeroporto de Cumbica.
Tralli diz, duas vezes, que a filmagem do ato do suposto suborno é de um almoço, mas, na verdade, trata-se de um jantar.

Diz que Chicaroni e Braz se encontraram “uma segunda vez” com Ferreira, mas foi uma vez só.
A cena em que Braz, pela segunda vez, levanta-se, agora para voltar ao seu lugar inicial, é exibida como sendo o momento em que ele sai para ver os papéis. O instante em que Braz examina os papéis é outro: é aquele em que ele sai de seu lugar inicial, troca de lugar com Chicaroni, para sentar-se ao lado do delegado Victor Hugo, quando, então, pode ver os papéis que estavam sobre as pernas do delegado.

Pior que esses pequenos erros é a estrutura da montagem do noticiário. As imagens principais são do filme de 4 minutos e quarenta segundos do jantar de Braz, Chicaroni e Ferreira, vídeo feito pela Polícia Federal e entregue, de alguma forma, à Globo. É dele que foram tiradas – não se sabe se diretamente pela PF ou pelos editores da Globo – as seis seqüências que aparecem no JN de 14 de julho.

Porém, as conversas, que são reproduzidas como se tivessem sido gravadas nesse encontro dos três homens, não têm relação com as imagens.

Em uma dessas cenas, inclusive, isso fica evidente, devido a um absurdo. Chicaroni aparece tramando com Ferreira uma forma de elevar a proposta de suborno de 500 mil para 1 milhão de dólares. E é evidente que não fez isso à mesa, diante de Braz, que, segundo a PF, é quem daria o dinheiro.

Possivelmente, apenas uma das gravações é do jantar dos três: aquela de quando Ferreira diz que vai mostrar os papéis que tem. Para isso, pede a Braz que troque de lugar com Chicaroni e sente-se ao seu lado, porque os papéis, como conta Braz, estavam sobre suas pernas.

A locução de Tralli, como já vimos, no entanto, confunde as coisas. A imagem que Tralli apresenta como o “exato momento” no qual Braz vai ver os papéis é, na verdade, o instante em que Braz se levanta para retornar ao seu lugar, após já ter visto os papéis. Em nenhum momento ouve-se a voz dele. Nos painéis que transcrevem as falas, não aparecem sua imagem nem seu nome. O que transforma a matéria na denúncia de um suborno proposto por Braz é a montagem e a palavra do locutor, que sempre afirma: “Ferreira disse que...”, “Chicaroni disse que...” ou “Braz disse que...” O que não se sabe ainda é quanto da armação veio pronta da PF e quanto é contribuição própria da Globo.

Aqui, Raimundo Pereira parece ter se deixado levar pela conversa de Braz. A voz do emissário de Dantas não aparece gravada por um motivo simples, que está explicado na sentença do juiz De Sanctis, que o condenou: Sua [de Braz] reprovabilidade deve ser acentuada, até porque o dolo foi de uma intensidade extrema, tanto é que parte da conversa com a autoridade policial Victor Hugo travava-se por escrito, a fim de não haver a possibilidade de captação de voz e de permitir a concretização do "negócio" espúrio a que se dispôs a intermediar de maneira tão importante e participativa” [cf. fls. 5033 – grifos apostos].

Pereira prossegue enumerando mais inconsistências da reportagem do Jornal Nacional e termina com interrogações:

A Globo fez esse tipo de cobertura por algum interesse? Quem são os interessados em considerar que os erros na privatização das teles brasileiras serão aplacados com a demonização de Daniel Dantas e das pessoas que estejam próximas a ele, como Braz?