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domingo, 25 de novembro de 2007

TRASH

O dia estava claro. A luz refletia no próprio ar a clareza do sol. Na televisão escutara a previsão da umidade do ar. Talvez chegasse a menos de quinze por cento. - pior que o Saara, - pensara consigo mesmo. Esfregou a cabeça vigorosamente com a toalha. Terceiro banho e sentia-se abafado ainda, úmido de sangue. No espelho, refletido, - aquele quase velho - Não o reconhecia como a si - Não era este... E talvez nem fosse aquele da noite anterior. Certo, ainda não acertara seus próprios passos do ontem. Sentia seus atos como cena dispersa de um teatro qualquer, um filme trash, cujas cenas, nas quais não se presta muita atenção, rabiscavam-lhe a mente em laivos espaços. Como estar sob o efeito de uma potente luz estroboscópica em ambiente escuro e denso. Luz, escuridão sucediam-se espasmodicamente em seu cérebro.

Teria realmente praticado o crime? Teria sido ele, ou apenas sonhara aquilo?

Em breve descobriria a verdade. Fosse qual fosse, teria que estar preparado para a realidade.

Vestiu-se apressadamente. Penteou-se e saiu a rua.

O trânsito lhe assustou. Resolveu que iria a pé para o escritório. Parou na padaria da esquina, como fazia todos os dias, e pediu um cafezinho. Tomou vagarosamente, sorvendo, gole a gole, a bebida quente e despertadora. Pagou, comprou um maço de cigarros e, acendendo o primeiro do dia, pisou novamente a calçada disposto a empreender marcha até o trabalho... Duas quadras de onde estava.

Na lateral da banca de revistas, os jornais do dia estampavam suas manchetes.

-“Bizarro assassinato”; - “Assassino planta mulheres na praça”; - “Polícia procura jardineiro macabro”.

Passou ao largo, meio temeroso que o simples parar, o denunciasse.

Entrou apressado no prédio. Não esperou o elevador e praticamente correu escada acima os três andares até seu escritório.

-“Vellas e Gonçalves – Advogados”,- A placa indicativa lhe pareceu agressiva.

-“Bom dia Dr. Giuliano” – Praticamente gritou-lhe a espevitada secretária. Ardida- Pensou sozinho... Daria um chorão... Comprido, fino e ardido na beira do lago... E imaginou a secretária cabeça pra baixo metida... Não na terra nua e seca, mas num quase brejo.. Beira dágua. Riu-se intimamente. – “Bom dia” – respondeu solícito e gentil.

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